VISCOSSUPLEMENTAÇÃO ARTICULAR: O QUE É?

A população idosa no mundo em 2050 contará com cerca de 2 bilhões de pessoas. Cerca de 22% da população terá mais de 60 anos e 5% da população terá mais de 80 anos. Hoje, para se ter uma ideia, esse número é de 1 bilhão. Ou seja, veremos esse grupo populacional dobrar de tamanho em 25 anos.

Essa é a expectativa populacional de acordo com a OMS e os motivos para esse aumento populacional expressivo é claro no nosso dia a dia: a evolução da tecnologia médica, melhorando o diagnóstico e tratamento das doenças.

Contudo, embora vislumbremos um progresso na detecção precoce das doenças que nos levam a óbito, o envelhecimento traz outros comemorativos na nossa saúde que não necessariamente impactam no prolongamento da vida, mas impactam muito em na QUALIDADE de vida. Refiro-me aqui às dores articulares causadas pelas osteoartrites (chamada também de artrose), tendinites, bursites que têm causa mecânicas e degenerativas.

Poucos sabem que as famosas “ites” são muitas vezes evitáveis e adiáveis, porém dependem de ações durante toda a vida. O fortalecimento muscular contínuo, manutenção do IMC dentro da faixa de normalidade, cuidados na ergometria do dia a dia (especialmente no trabalho) e identificação / diagnóstico de desalinhamentos ou morfologia predisponente para esse “desgaste” – como é o joelho valgo e varo – são alguns exemplos de como podemos evitá-las.

Apesar desses fatores não serem tão amplamente lembrado na nossa rotina puxada do dia a dia, o tratamento dessas dores crônicas articulares também avançou e um dos queridinhos dos pacientes, por sua eficiência na dor e na recuperação de mobilidade articular, é a viscossuplementação com ácido hialurônico.

O primeiro esclarecimento sobre isso é: não é o mesmo ácido hialurônico que se usa em procedimentos estéticos, são composições celulares diferentes (peso molecular e estrutura). Um dos principais compostos da articulação normal e da matriz celular da nossa cartilagem é o ácido hialurônico (sim, nós produzimos), e quando há a degeneração (artrose), a síntese, degradação e depuração do ácido hialurônico intrínseco ficam anormais. Essas alterações patológicas diminuem a viscoelasticidade do fluido sinovial, levando a danos na cartilagem.

Nesse cenário de condropatia (danos da cartilagem) e osteoartrite (uma evolução dos danos da cartilagem toda a articulação), existe evidência científica da aplicação da viscossuplementação de alto peso molecular com o objetivo de melhorar os sintomas com retardo do processo inflamatório decorrente da degeneração e portanto é possível realizar a reabilitação muscular com menos dor.

É importante frisar que esse tratamento não é uma CURA da osteoartrite. Dessa forma em casos avançados, a indicação cirúrgica continua precisa e não há ganho significativo de viscossuplementação na literatura para esses casos. É possível aliviar a dor com a infiltração por corticóides e analgésicos, porém o ácido hialurônico em si não tem estatisticamente comprovação.

A aplicação em geral não é dolorosa e tem grandes ganhos se feita com visualização pelo ultrassom, pois é possível ter certeza que a agulha está no lugar certo e não lesou nervos ou vasos.É feita anestesia local na pele e a dor é apenas da “picadinha” da anestesia. Após a entrada da agulha na articulação, aplica-se o produto lá dentro que pode ter ação quase imediato do alívio da dor. O tempo de efeito da aplicação varia de pessoa para pessoa, mas em geral dura de 6 meses a 1 ano.

Ainda, é de suma importância que esse tratamento seja feito em conjunto com os demais, sendo a sua melhor indicação para alívio dos sintomas possibilitando então a reabilitação musculoesquelética global (fisioterapia, perda de peso e fortalecimento muscular) que é um segmento do tratamento muito prejudicado pela dor.

Resumo da ópera: a viscossuplementação com ácido hialurônico é uma ótima ferramenta de tratamento para a degeneração articular.

Porém é sempre bom lembrar que cada caso deve ser avaliado individualmente por um médico especialista e capacitado.

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